frio

Mudança de temperatura faz lotar pronto-atendimentos em Santa Maria

Thays Ceretta


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Aumento nos atendimentos de emergência

O inverno chega oficialmente no dia 21 junho, mas as baixas temperaturas já começaram a aparecer e, com isso, as doenças respiratórias fazem com que as pessoas procurem atendimento de saúde com mais frequência. Na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e no Pronto-Atendimento (PA) do Bairro Patronato, o movimento começou a aumentar há cerca de duas semanas. Um reflexo disso é uma maior demanda por consultas e internações nos leitos destinados para pacientes em observação.

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Até as 10h da manhã de hoje, 14 crianças estavam nessa situação na ala infantil do PA, sendo que a capacidade é de 11 leitos. O cenário se repete ao lado, no Pronto-Atendimento adulto, onde 16 pessoas estavam em observação, cinco além do permitido. Na recepção, entre crianças, adultos e idosos, mais 20 pessoas aguardavam por uma consulta. De acordo com a coordenadora da Urgência e Emergência do município, Sandra Hertz, a maioria das pessoas que ocupam os leitos deveriam ficar, em média, 24 horas, mas, como às vezes faltam vagas nos hospitais, os pacientes acabam ficando de nove a 30 dias.

- Nós já comunicamos a Secretaria de Saúde do município, que já está em contato com a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde para destinar leitos hospitalares na área pediátrica. O adulto está sempre lotado, mas, nesse caso, nós temos mais facilidade em conseguir os leitos de internação, porque os adultos vão para o Husm ou para a Casa de Saúde. Quando os casos são mais graves, vão para a a regulação da Central de Leitos do Estado para conseguir uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Enquanto estão aqui, todo tratamento é subsidiado pelo município, mas deveria ser custeado pelo Estado - explica Sandra.

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Em uma das salas do prédio, estava a dona de casa Alessandra Herdies, 42 anos, ao lado da filha, Emanuelli Herdies Becher, 4. As duas chegaram no PA por volta das 8h de hoje, pois a menina, que tem asma desde os 10 meses de vida, teve uma crise em função das baixas temperaturas. Mesmo sem entender porque estava ali, Emanuelli segurava o nebulizador e sorria para a mãe.

- Ela sofre com a asma e com a tosse por causa do problema na laringe. Fico com medo que falte o ar, e viemos direto para cá. Isso acontece todo o ano, mas no inverno é pior, principalmente na mudança de temperatura. No frio, a gente acaba vindo quase que toda a semana - contou Alessandra.

Por causa do aumento no número de crianças que estão nos leitos em observação, pela manhã, o médico pediatra que está no plantão precisa dar mais atenção aos internados, o que pode influenciar na demora das consultas. Sandra comenta que algumas pessoas que procuram a urgência poderiam ter o problema resolvido nas Unidades Básicas de Saúde, mesmo que algumas não tenham o médico pediatra, o clínico geral está apto para atender.


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A pequena Emanuelli, 4 anos, já conhece os procedimentos. Nesta época do ano, ela precisa recorrer aos médicos e à nebulização

- Nós temos dados estatísticos que conferem isso, tanto na parte pediátrica quanto na parte do adulto. Em torno de 60%, 70% são pacientes que poderiam buscar atendimento na Atenção Básica e, culturalmente ou por ser resolutivo para o paciente, eles acabam vindo para o PA. No caso da pediatria, muitas vezes, o paciente busca o pediatra, mas ele pode buscar, e deve buscar, o clínico geral que atende na UBS ou na ESF, em que há um atendimento diário. Então, muitas vezes, nós estamos lotados na recepção com pacientes que poderiam ter atendimento próximo da sua residência - esclarece Sandra.

NA UPA, MOVIMENTO AUMENTOU 15%
Na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Bairro Perpétuo Socorro, que também é destinado ao atendimento de urgência e emergência, a situação é parecida. Na tarde desta terça-feira, a recepção estava com cerca de 50 pessoas aguardando por atendimento. Conforme o administrador, Gabriel Gausmann Oliveira, nas últimas duas semanas, o movimento aumentou em torno 15%. Porém, os atendimentos voltados às doenças respiratórias em crianças subiram cerca de 40%. Os casos mais comuns são os problemas envolvendo alergias, rinite, bronquite, sinusite, asma brônquica, além de quadros gripais.

- Pela legislação, o objetivo é manter o paciente estabilizado na UPA por até 24 horas. Mas, em função da superlotação de alguns hospitais, acabamos ficando mais tempo com os pacientes. Mas o que nos auxilia bastante é o Hospital Casa de Saúde ter os 16 leitos de retaguarda que são destinados para ajudar as unidades de urgência e emergência. As pessoas acabam procurando a UPA porque sabem que vão ser atendidas, mesmo que demore, quando, na verdade, deveriam procurar as unidades básicas antes de vir para cá. Isso acaba ampliando o fluxo de pacientes na recepção e contribuindo para a demora no atendimento - enfatiza Gabriel.

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Ainda conforme o administrador, a unidade tem capacidade para 12 leitos adultos e, até as 15h de hoje, sete pacientes estavam em observação. Já o setor pediátrico conta com quatro leitos, sendo que todos estavam vazios no mesmo horário. Na UPA, não há problema com a escala dos profissionais, que conta com três clínicos gerais por turno e dois médicos pediatras por turno. Às vezes, segundo Gabriel, pode ser que em um turno tenha apenas um pediatra.

Entre as pessoas que aguardavam por uma consulta, estava a estudante de Enfermagem Jéssica Vargas, 26 anos. O filho dela, Pedro, 3 anos, teve febre e vômito, e o quadro piorou por causa da bronquite. Ele também teve tosse e está resfriado em função da mudança de temperatura.

- A gente mora no Bairro João Goulart. Não fomos no posto porque tem que tirar ficha e, aqui, o atendimento é mais rápido, além de ter pediatra. Hoje, tem bastante gente, tanto adulto quanto crianças - disse Jéssica.

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